O segredo da fixação dos perfumes

Um pequeno curso sobre Fixação

É recente a atenção do consumidor com a fixação dos perfumes. Há muito tempo os primeiros produtos à disposição do consumidor eram baseados em águas perfumadas, principalmente com fragrâncias cítricas e com ervas aromáticas, por isso absolutamente sem fixação. Dessa época restaram, por exemplo, a Cologne 4711, Eau Imperial e a colônia Jean Marie Farina nas quais qualquer pessoa poderá verificar a total ausência de fixação. 

Com o uso de essências florais e amadeiradas a fixação do produto começou a melhorar, mas nunca foi assunto em pauta. Isso até o fim da 2ª Guerra Mundial (1945). Nessa época, a indústria de perfumaria americana começou a crescer, mas não se conformavam com o sucesso dos produtos importados da Europa. As empresas americanas procuraram compensar a superioridade técnica dessas marcas de alguma maneira.

A arma escolhida para isso foi a “fixação”, usando muita potência e duração. Os perfumes de Elizabeth Arden, por exemplo, usavam o seguinte slogan: “meu perfume dura 24 horas”. A partir daí a guerra dos cheiros desvia o caminho da qualidade para potência e fixação. Disso resultou um aumento brutal nas porcentagens de aplicação dos fixadores, que saíram dos tradicionais 12% para porcentagens entre 30% e 35%. Houve também uma maior dosagem de novas matérias-primas sintéticas de baixa evaporação. 

No seu livro “Parlons Parfums”, de 1993, editado pela Editions Mondo, Maité Turonnet faz uma avaliação dos perfumes de acordo com a realidade do mercado atual, chegando às seguintes conclusões: a) perfumes com aplicação da essência concentrada entre 20% e 40% têm uma vida olfativa na pele de 6 a 10 horas, em média; b) eau de parfums com 12% a 18% de essência têm vida olfativa de mais ou menos 5 ou 6 horas; c) eau de toilette com concentração de 4% a 7% de essência possui vida olfativa de até 5 horas. 

A autora questiona também alguns produtos americanos que durariam cerca de “24 horas”. Bem, só poderemos saber se o produto tem fixação ou não depois de algum tempo. Enfim o que é fixação? Na realidade é o cheiro que vai ficar em sua pele durante um tempo indeterminado após a aplicação e normalmente esse cheiro residual vai ser muito diferente do perfume que você usou em sua pele algumas horas antes. 

Pode-se explicar de uma maneira muito fácil o porquê desse fato: um perfume é a mistura de várias matérias-primas, como folhas, flores, madeiras, raízes, frutas, etc., cada uma com um cheiro mais ou menos volátil (volatilização-ato ou efeito de evaporar). Por exemplo, o limão, a hortelã e outros se evaporam rapidamente. Já as flores levam algum tempo e as madeiras, raízes ou resinas demoram algumas horas para desaparecem. 

Lógico que na nossa pele os produtos com evaporação mais lenta (resinas, madeiras, incenso, baunilha) terão maior fixação, permanecendo mais tempo na pele. O ideal seria descobrir um produto milagroso que usado em um perfume preserve o mesmo em bloco e vá liberando pouco a pouco o seu cheiro, como se fosse um micro encapsulado grudado em nossa pele. 

Talvez um dia, algum pesquisador descubra essa maravilha, mas por enquanto devemos nos contentar com o que a natureza nos proporciona uma evaporação progressiva, fracionada; primeiro liberando as notas refrescantes, notas mais voláteis, depois as notas florais e especiarias de média duração na pele e finalmente os produtos que dão uma grande fixação, que são os produtos de evaporação lenta. 

Muitas vezes nos é perguntado se usamos fixadores nacionais ou importados, mas este não é o fator importante; o que se pode explicar sobre a diferença de fixação entre os produtos nacionais e importados está ligado a preços e principalmente à concentração da essência no produto acabado. Na Europa e nos Estados Unidos se usa freqüentemente de 15% a 20% de produto ativo (essência ou concentrado) dentro de um perfume ou uma eau de toilette. 

No Brasil, essa concentração é de 7% a 12% não só por razões econômicas, mas também para uma melhor adaptação a uma realidade climática diferente dos países europeus, nossa temperatura média às vezes acima de 30º provoca uma evaporação mais rápida e ao mesmo tempo mais brutal, o que torna o perfume mais forte e mais enjoativo na hora de usá-lo. Para torná-lo mais suave, o correto é reduzir a concentração e em fazendo isto infelizmente reduz-se a fixação. 

É importante e interessante saber que cada vez mais as grandes marcas internacionais lançam durante o verão uma versão “light”, mais suave, menos concentrada, dos seus principais produtos exatamente pelos motivos expostos acima. Todos os perfumistas e técnicos, não só do Brasil como dos países exportadores, quebram a cabeça para resolver essa difícil questão que é a fixação. Como fazer aumentar a proporção de matérias-primas de evaporação lenta? 

Existe limite para tudo, a beleza e agradabilidade do perfume dependem de um equilíbrio perfeito entre todas as fases do produto, portanto não podem faltar as notas voláteis de refrescância, ainda mais num país tão quente. Vamos então à busca de novas matérias-primas de evaporação lenta. 

Na perfumaria antiga se usava além de incenso do sândalo, da baunilha e dos musgos, algumas matérias-primas de origem animal todas conhecidas pela longividade de seus odores, sendo a principal dessas matérias-primas de origem animal o almíscar ou musk, pequeno cervo da região do Himalaia e do qual era extraída uma glândula de um cheiro forte, adocicado, agradável e pastoso. 

Essa glândula tem uma grande importância no ciclo de reprodução desse animal, e como era muito utilizado pelos povos da Ásia Menor, pelos Egípcios e Hebreus (muito antes de romanos e povos europeus em geral), infelizmente este cheiro tão importante provocou a quase extinção desses pobres animais. Os que hoje ainda vivem são protegidos por lei, nos restando, portanto o estudo da composição desse produto milagroso para tentar reconstitui-lo a partir de produtos sintéticos, então surgiram os almíscars ou musks sintéticos usados em abundância nos perfumes de hoje. 

O mesmo fato se deu com o âmbar de cachalote, a civette extraída de um gato selvagem da África e do castoréo retirado do castor do Canadá ou da Sibéria. Enfim, salvos os animais pelo progresso da ciência principalmente da química temos hoje um número considerável de matérias-primas de evaporação lenta para ajudar os bálsamos, madeiras e raízes a prolongar a vida dos perfumes na pele dos consumidores do mundo inteiro. 

Mesmo assim existem milhares de consumidores alegando que o perfume fica por pouco tempo em suas peles. Analisando esse “problema”, descobrimos duas explicações para essa reclamação. Na maioria dos casos essa reclamação é exagerada, se pedirmos ao consumidor para se perfumar e mandarmos um pesquisador aparecer de hora em hora para verificar a permanência ou não do cheiro na pele, iremos constatar que o odor persiste por muitas horas sem que o consumidor perceba. Para explicar isso, teremos que analisar a anatomia do olfato. 

Perceber um cheiro diferente é reagir a um impulso cerebral nos alertando de uma mudança olfativa em nosso ambiente, que pode significar para nós a presença de um perigo ou de um acontecimento importante para nosso bem-estar. A parte do cérebro responsável pelo olfato é o rinencéfalo (cérebro do cheiro), que é a parte mais animal do cérebro humano; ela reage instantaneamente aos impulsos olfativos sem controle de análise do pensamento e da inteligência. Um cheiro de comida provoca uma sensação de fome, mesmo que tenhamos acabado de almoçar, provocando uma salivação incontrolada em um primeiro momento, da mesma forma um cheiro de perigo provoca um pânico imediato, um cheiro agradável provoca prazer físico. 

Mas essas reações são instintivas e de pouca duração, rapidamente o cérebro inteligente retoma o controle e por isso corta depois de um tempo a percepção do olfato. Comprovado que não existe perigo ou outra coisa e que o cheiro que sentimos é inofensivo, em umas duas horas no máximo a pessoa deixa de perceber esse cheiro, que de estranho virou normal no ambiente. Da mesma forma o consumidor de um perfume acha que o mesmo desapareceu. Somente outra pessoa, vindo de outro ambiente pode definir quanto tempo o perfume vai persistir na pele. 

Essa reação explica porque algumas pessoas se perfumam várias vezes sem necessidade e acabam exagerando na quantidade, tornando o perfume insuportável, deixando assim de ser atrativo para ser repulsivo. Mesmo pessoas esclarecidas reclamam às vezes da falta de fixação do perfume até em relação a perfumes importados. Devemos reconhecer que existe certa razão para isso. Cada tipo de pele reage ao perfume de um modo diferente, em algumas o cheiro parece literalmente grudar, e em outras desaparecer em pouco tempo. 

O mesmo perfume pode persistir de 14 a 15 horas em uma pessoa e 2 ou 3 horas em outra. Explicações são muitas: acidez da pele, oleosidade, doenças, problemas de origens hormonais, etc. A química da pele é uma realidade extremamente complicada que médicos dermatologistas vão demorar a conhecer. 

Algumas experiências comprovadas foram feitas com pessoas desesperadas por não encontrar nenhum perfume compatível com sua pele e que chegaram a usar essência pura sem nenhum diluente. Depois de uma ou duas horas o cheiro tinha desaparecido. Para casos como estes podemos encontrar soluções aleatórias como, por exemplo, perfumar o cabelo, pois é possível que o perfume fixe melhor, ou em último caso perfumar a roupa, pois a química desta é muito mais fácil de entender, faça alguns testes deste tipo que irá encontrar resultados notáveis. 

Vamos resumir por fim tudo aqui exposto: 

1) No perfume, a fixação não é sinônimo de qualidade. Existem perfumes maravilhosos que não são muito duradouros e perfumes de longa duração pouco agradáveis, às vezes é melhor uma satisfação intensa em poucas horas do que 24 horas de que algo extremamente enjoativo. 

2) Nunca esquecer que outra pessoa tem uma percepção de seu cheiro muito mais intensa e sensível do que você mesmo. 

3) A finalidade de seu perfume é dupla: deixar você feliz e seguro de sua beleza olfativa e atrair positivamente a atração de outras pessoas para você. 

Por isso é muito importante você escolher com cuidado o seu perfume e a dosagem certa a ser aplicada. Dependendo sempre da estação do ano, período do dia e do lugar onde vai estar. Finalmente nunca esquecer que é muito mais fácil aumentar ou renovar o seu perfume, do que retirá-lo se colocado em excesso. 

Dica Importante

Sempre guardar os perfumes em suas gavetas de roupas, pois o perfume mesmo fechado evapora e sem perceber sua roupa pouco a pouco terá o perfume de sua preferência como característica, além de conservar melhor o seu produto. 

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Fonte do artigo: latelierparfums.com.br/curso01.htm
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